É face à incapacidade de Jesus e os seus discípulos conseguirem comer, devido à gente que se acumulava à porta de casa, que a sua família se põe a caminho para o vir buscar, para o fazer regressar ao seio da família e do controlo da aldeia. As suas atitudes estranhas e inusitadas obrigavam a dizer, pelo menos à família, que estava fora de si.
Estranha afirmação pelo que encerra de mentira, de equívoco, e de verdade, de uma profunda e inequívoca verdade. Equívoco no sentido de que Jesus não estava louco, nem possuído por nenhum demónio, como alguns quiseram fazer parecer. Sabia muito bem o que fazia e porque o fazia.
Profunda e inequívoca verdade, porque Jesus estava de facto fora de si enquanto membro da Trindade que tinha encarnado como filho de homem, como Deus que se tinha colocado fora da sua transcendência para se baixar ao nível dos homens.
Loucura completa, mas uma loucura que é mais sábia que a sabedoria dos homens, pois jamais pela cabeça de qualquer homem, de qualquer sábio, passaria essa ideia estranha de um deus se fazer igual à suas criaturas, de se baixar da sua condição celestial para se deixar aniquilar às mãos daqueles que não são mais que pó da terra.
Loucura que contagia, porque outros homens e mulheres depois de Jesus quiseram fazer a mesma experiência, alguns assumiram mesmo viver como loucos para mostrar aos homens sábios como fúteis são algumas das suas pretensões de poder e domínio, de egoísmo e avidez.
Também nós hoje somos convidados a viver esta loucura, a ser testemunhas de uma vida e uma esperança que desconcerta e se desenquadra dos parâmetros estabelecidos, para que os homens percebam como tudo é passageiro e só em Deus se encontra a verdadeira sabedoria.
Ilustração: “Um Louco de Deus sentado na neve”, de Vasily Surikov.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarMuito grata pelo texto que partilhou connosco,que nos ajuda a reflectir mais profundamente.Também como nos diz o Frei José Carlos,nós hoje somos convidados a viver esta loucura,a ser testemunhas de uma vida e uma esperança que desconcerta e se desenquadra dos parâmetros estabelecidos,para que os homens percebam como tudo é passageiro e só em Deus se encontra a verdadeira sabedoria.Obrigada,Frei José Carlos,por esta maravilhosa Meditação,que gostei muito.Desejo-lhe uma boa semana.Que Deus o abençõe e o ilumine.
Um abraço fraterno.
AD
Frei José Carlos,
ResponderEliminarO texto da Meditação sobre esta passagem do Evangelho de São Marcos sobre Jesus e que intitulou “Diziam que Jesus estava fora de si (Mc 3,21)” leva-nos a reflectir sobre as razões de tanta incompreensão sobre Jesus e ao próprio conceito de loucura.
Como nos salienta …” Profunda e inequívoca verdade, porque Jesus estava de facto fora de si enquanto membro da Trindade que tinha encarnado como filho de homem, como Deus que se tinha colocado fora da sua transcendência para se baixar ao nível dos homens.”…
Como nos afirma ...” Loucura que contagia, porque outros homens e mulheres depois de Jesus quiseram fazer a mesma experiência, alguns assumiram mesmo viver como loucos para mostrar aos homens sábios como fúteis são algumas das suas pretensões de poder e domínio, de egoísmo e avidez.”…
Grata, Frei José Carlos, pela partilha da Meditação que nos desafia a viver sem falsas ilusões, sem máscaras, mas com “uma esperança que desconcerta e se desenquadra dos parâmetros estabelecidos, para que os homens percebam como tudo é passageiro e só em Deus se encontra a verdadeira sabedoria.”
Que o Senhor abençoe o Frei José Carlos e o proteja.
Votos de uma boa semana.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva