quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

“Vinde ver”, disse-lhes Jesus. (Jo 1,39)

Ao darmos início a mais um ano eis que se nos apresenta este convite de Jesus, “vinde ver”. São palavras e convite que se dirigem antes de mais aos dois discípulos de João Baptista, que seguem Jesus, depois daquele o ter identificado como o Cordeiro de Deus. Mas são também palavras e convite que se dirigem a cada um de nós, e que podemos assumir como programa de vida neste início de um novo ano.
Convite e programa que nos tocam, que nos sensibilizam, porque Jesus não se faz autoridade, não se reserva, mas oferece-se ao conhecimento, à experiência pessoal na sua intimidade. “Vinde ver”, é o convite que nos deixa.
Um convite que implica a nossa vontade e a nossa acção, uma vez que necessitamos colocar-nos em caminho e em busca, que necessitamos querer e procurar. Jesus está mesmo à nossa frente, tal como estava à frente dos dois discípulos de João que o seguiram, e por vezes volta o rosto no sentido de nos fazer a mesma pergunta, “que buscais”, “que quereis”?
E nós também queremos ver onde mora, onde se encontra, como é possível conhecê-lo, mas para tal temos que estar atentos para escutar a sua pergunta e saber dar uma resposta. Afinal que buscamos e que queremos quando procuramos seguir Jesus, quando nos dispomos a ir ver onde mora?
Os discípulos de João responderam com a consciência que Jesus era um Rabi, um Mestre e por isso queriam ir com ele. E nós como respondemos? Que consciência temos desse Jesus que queremos conhecer, queremos encontrar na intimidade? É um mestre espiritual, uma figura histórica incontornável, um revolucionário para novos tempos, o Messias, o nosso salvador e remédio para os nossos males, o Filho de Deus que nos dá identidade e nos convoca a uma missão?
Um facto que não podemos deixar de ter presente é que a partir da ideia que temos de Jesus, dessa consciência inicial, o caminho que seguimos para o conhecer toma essa mesma direcção. Assim a ideia de um Jesus histórico, figura incontornável, conduz-nos a uma dimensão histórica, talvez até materialista, enquanto que a ideia e consciência de um Jesus filho de Deus que nos filia na divindade nos leva a um compromisso mais vivencial, a uma identificação ontológica que tem inevitavelmente repercussões na nossa vida e na forma como a vivemos.
Para ir ver verdadeiramente onde e como mora Jesus temos assim que partir dessa realidade, e verdade à priori, de que ele é o Filho de Deus feito homem para nos fazer filhos de Deus. A partir daqui a nossa experiência, o nosso ver e viver da intimidade com Jesus, só nos poderá levar a um aprofundamento dessa mesma realidade e a uma maior comunhão nessa identidade que nos é prometida. E consequentemente a um outro estilo e forma de estar na vida e enfrentar os seus desafios.
Aprontemo-nos portanto a seguir Jesus para o conhecer na sua intimidade, munidos apenas com essa bagagem e consciência de que ele é o Filho de Deus, e que a nossa filiação se fortalece e aprofunda na medida da experiência dessa intimidade.

Ilustração: “Jesus a Luz do Mundo”, de William Holman Hunt, Keble College, Oxford.



2 comentários:

  1. Frei José Carlos,

    “Vinde ver”, disse-lhes Jesus (Jo, 1,39). Que profundo e belo convite que Jesus nos oferece e que Frei José Carlos nos deixa como convite e programa de vida neste início de ano. Convite que pressupõe uma atitude activa da nossa parte, de desejo, de busca de Jesus, de aprofundamento da nossa relação com Jesus.
    Como nos recorda à semelhança dos dois discípulos de João ...” nós também queremos ver onde mora, onde se encontra, como é possível conhecê-lo, mas para tal temos que estar atentos para escutar a sua pergunta e saber dar uma resposta. Afinal que buscamos e que queremos quando procuramos seguir Jesus, quando nos dispomos a ir ver onde mora?”…
    E Frei José Carlos amplia as questões da busca de Jesus para nos fazer reflectir sobre a consciência e a qualidade da nossa relação com Jesus.
    …”E nós como respondemos? Que consciência temos desse Jesus que queremos conhecer, queremos encontrar na intimidade? É um mestre espiritual, uma figura histórica incontornável, um revolucionário para novos tempos, o Messias, o nosso salvador e remédio para os nossos males, o Filho de Deus que nos dá identidade e nos convoca a uma missão?”
    Como nos exorta ...” Aprontemo-nos portanto a seguir Jesus para o conhecer na sua intimidade, munidos apenas com essa bagagem e consciência de que ele é o Filho de Deus, e que a nossa filiação se fortalece e aprofunda na medida da experiência dessa intimidade”.
    Obrigada, Frei José Carlos, pela partilha desta profunda e bela Meditação que nos ajuda como nos recorda …”o nosso ver e viver da intimidade com Jesus (…) e consequentemente a um outro estilo e forma de estar na vida e enfrentar os seus desafios.” Peçamos ao Senhor que o abençoe e proteja.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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  2. Frei José Carlos,

    Agradeço-lhe a partilha deste belíssimo texto muito bem conseguido,Meditação muito profunda que a todos nós,muito nos ajuda na reflecção diária.Que o Senhor nos dê a força e a coragem de seguir Jesus,para o conhecer na sua intimidade.Obrigada,Frei José Carlos,pelas suas palavras tão reconfortantes.Que o Senhor o proteja e o ilumine.Bem-haja.
    Um abraço fraterno.
    AD

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