sexta-feira, 2 de março de 2012

Se a vossa justiça não superar a dos escribas e fariseus. (Mt 5,20)

Todos nós sabemos como em Deus, ainda que mesmo na dimensão de conceito, a realidade está sempre para lá do possível, do concebível, do que é imaginável e dizível. Deus ultrapassa-nos, supera-nos, e a nossa experiência cristã confirma-nos isso quando nos confrontamos com a misericórdia e com o amor de Deus.
Neste sentido podemos dizer que uma das características fundamentais de Deus é a abundância, ou superabundância, e o seu desafio é que vivamos nesse mesmo registo, nessa mesma dimensão relativamente aos outros com quem partilhamos a vida.
Dessa forma compreendemos a reclamação de Jesus a que a nossa justiça seja superior à justiça dos escribas e fariseus, a que sejamos capazes de superar as realidades tal como elas se nos apresentam. É um desafio a aproximar-nos de Deus nessa generosidade desbordante.
Portanto, o nosso seguimento de Jesus não se pode limitar a um mero cumprimento de mandamentos, a uma tentativa se nos mantermos no bom caminho, à vivência de uns mínimos que são aceitáveis e consideramos que nos são possíveis.
O convite de Jesus aos seus discípulos e a cada um de nós é de facto um convite à radicalidade, à abundância, e à superação dos limites. Como perguntava Jesus, se amamos aqueles que nos amam que mérito teremos? Que realizamos afinal de extraordinário, de algo que nos aproxima de Deus na semelhança com a sua generosidade sem limites, se nos mantemos no comum e limitado?
Para nos ajustarmos e assemelharmos a Deus, ao seu Filho Jesus Cristo, necessitamos ir um pouco mais além, ultrapassar e superar o previsível e até o aceitável, é necessário arriscar naquilo ou naquele em quem mais ninguém arrisca.
Que o Senhor nos conceda a ousadia e a coragem, mas sobretudo um amor desbordante para darmos o primeiro passo sem medo e sem preconceitos, abertos à novidade que pode acontecer.

Ilustração: “A Lição Difícil”, de William-Adolphe Bouguereau.

2 comentários:

  1. Frei José Carlos,

    Depois de ler e reflectir sobre o texto da Meditação que partilha connosco, considero que a ilustração do texto que escolheu traduz a dificuldade do convite que Jesus fez aos discípulos e que nos recorda que é dirigido também a cada um de nós. Na realidade, é uma “Lição Difícil” para alguns de nós. Jesus recorda-nos que há formas menos dignas de tratarmos os nossos irmãos, algumas delas atingindo o outro moral e espiritualmente. Jesus pede-nos que nos reconciliemos com quem nos magoou dolorosamente, a quem não amamos verdadeiramente.
    Se desejamos uma verdadeira conversão, é necessário ultrapassarmos os mínimos, ir mais além, fazer um esforço permanente, como nos exorta, Frei José Carlos. Como nos salienta ...” Para nos ajustarmos e assemelharmos a Deus, ao seu Filho Jesus Cristo, necessitamos ir um pouco mais além, ultrapassar e superar o previsível e até o aceitável, é necessário arriscar naquilo ou naquele em quem mais ninguém arrisca.”…
    Façamos nossas as palavras do Frei José Carlos e peçamos …” Que o Senhor nos conceda a ousadia e a coragem, mas sobretudo um amor desbordante para darmos o primeiro passo sem medo e sem preconceitos, abertos à novidade que pode acontecer.”
    Grata, Frei José Carlos, pela partilha que nos desinstala mas que nos ajuda em permanência e particularmente neste período quaresmal a revermos os nossos comportamentos. Que o Senhor o abençõe e o guarde.
    Votos de um bom fim-de-semana.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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  2. Frei José Carlos,

    Ao ler este maravilhoso e belo texto que partilhou connosco,as suas palavras nos convidam a uma Meditação muito profunda.Como nos diz o Frei José Carlos no texto que propôs para a Meditação diária,temos aqui o convite de Jesus aos seus discípulos e a cada um de nós é de facto um convite à radicalidade,à abundância e à superação dos limites.
    Obrigada,Frei José Carlos,pela beleza da partilha que nos ajuda a prosseguir esta caminhada quaresmal,com coragem e determinação na nossa conversão pessoal e Comunitária.Que o Senhor nos conceda a ousadia e a coragem,mas sobretudo um amor desbordante para darmos o primeiro passo sem medo e sem preconceitos,abertos à novidade que pode acontecer.Frei José Carlos,a ilustração traduz bem a nossa dificuldade ao convite de Jesus.Desejo-lhe uma santa noite.Que o Senhor o proteja e o ilumine.
    Um abraço fraterno.
    AD

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