Jesus não deixa de nos surpreender nos seu amor, na sua capacidade de se entregar pelos homens para que estes tenham uma relação com o Pai.
No templo, e depois de os fariseus terem pegado em pedras para o lapidarem, como estava previsto na lei para aqueles que se assumissem como deuses, Jesus continua a insistir, continua com toda a paciência a mostrar àqueles homens que não era nada de especial assumir-se como Filho de Deus, que era algo que eles próprios podiam fazer uma vez que estava enunciado na Lei.
Jesus continua pacientemente a querer ensinar aqueles homens que podiam ter uma relação com Deus, uma relação filial, de amor e amizade, e podiam libertar-se da relação de serventia e escravatura em que se tinham colocado pela sua teimosia, pela fixação a um código que era apenas um meio, um caminho para a vivência dessa filiação, dessa relação pessoal.
Enfrentando uma barreira de obstinação na mesma ideia e preconceito por parte dos fariseus, Jesus humilha-se ainda um pouco mais na sua dignidade para que aqueles homens acreditem e portanto sejam salvos.
Não os conseguindo fazer acreditar na sua pessoa, Jesus prescinde dela, aniquila-a, e pede que pelo menos acreditem nas obras que realiza. Jesus sujeita-se às obras, desce a essa miséria, para que os homens acreditem no Pai, acreditem que ele veio até aos homens para revelar a verdadeira face do Pai.
Há assim um desviar de atenção do verdadeiramente importante e significativo, da sua própria pessoa, para algo que é secundário como as obras, prescindíveis face à presença daquele que as realiza, que tem poder para as realizar.
A tanto chega o amor de Jesus e o seu compromisso para que os homens tenham acesso e conhecimento do Pai, para que possam estabelecer uma relação com ele, uma relação que os tornará também filhos de Deus.
Recusar-se a aceitar as obras como manifestação da divindade é colocar-se naquela situação de cegueira que conduz à condenação, pois as obras são manifestas, estão visíveis aos olhos de todos e testemunham a autoridade e o poder daquele que as realiza, como os fariseus reconhecem a determinado momento.
Também nós estamos convidados a reconhecer as obras, mas sobretudo a reconhecer o grande amor que Jesus manifesta pelos homens e pela possibilidade de eles estabelecerem uma relação com o Pai. Jesus prescinde de si mesmo para que os homens se encontrem com Deus.
Neste sentido é oportuno perguntar, como testemunhas de Jesus e do amor de Deus Pai, até que ponto, ou de que modo, nos anulamos e colocamos perifericamente para que os nossos irmãos se encontrem verdadeiramente com Deus? Como permitimos que estabeleçam uma verdadeira relação?
Quantas vezes não somos mais o centro, do que a seta que indica o centro!
Ilustração: “Ecce Homo”, de Abraham Janssens. Museu Nacional de Varsóvia.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarComo nos diz no texto da Meditação que elaborou apesar da tentativa de lapidação, Jesus continua a assumir-se como Filho de Deus e ...” continua pacientemente a querer ensinar aqueles homens que podiam ter uma relação com Deus, uma relação filial, de amor e amizade, e podiam libertar-se da relação de serventia e escravatura em que se tinham colocado”. Mas como nos refere Jesus secundariza-se, recorrendo às obras que realiza para que aqueles homens acreditem e sejam salvos.
E como nos recorda …” Também nós estamos convidados a reconhecer as obras, mas sobretudo a reconhecer o grande amor que Jesus manifesta pelos homens e pela possibilidade de eles estabelecerem uma relação com o Pai. Jesus prescinde de si mesmo para que os homens se encontrem com Deus.”…
E Frei José Carlos, deixa-nos com uma pergunta que respeita a cada um de nós e que nos desinstala ao perguntar …”como testemunhas de Jesus e do amor de Deus Pai, até que ponto, ou de que modo, nos anulamos e colocamos perifericamente para que os nossos irmãos se encontrem verdadeiramente com Deus? Como permitimos que estabeleçam uma verdadeira relação?”…
Que o Senhor nos dê a humildade e a sabedoria para compreender e acreditar no amor sem medida de Jesus pelo Homem, na sua “capacidade de se entregar pelos homens para que estes tenham uma relação com o Pai” como nos salienta.
Grata, Frei José Carlos, pela partilha da Meditação profunda e oportuna, que nos interroga sobre as nossas atitudes e a coerência das mesmas.
Que o Senhor ilumine e guarde o Frei José Carlos.
Votos de um bom fim-de-semana.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva