sexta-feira, 16 de março de 2012

Não estás longe do reino de Deus (Mc 12,34)

Um escriba aproxima-se de Jesus para lhe colocar uma questão sobre o primeiro dos mandamentos. Ainda que um pouco ousado não é estranho e insere-se dentro da lógica da aproximação dos escribas e doutores da lei a Jesus, sempre com o objectivo de o testarem, de o interrogarem e colocarem à prova.
Conhecedor das manhas e objectivos, Jesus responde ao escriba apontando-lhe aquele que era o primeiro mandamento da Lei dada por Moisés, mas que se completava com o mandamento do amor aos irmãos expresso no conjunto dos outros mandamentos que compunham a lei e diziam respeito ao relacionamento humano e comunitário.
É perante esta resposta que o escriba revela também a sua compreensão da lei, fazendo eco das palavras de Jesus, manifestando a novidade que tinha sido trazida pelos profetas como complemento e aprofundamento da Lei dada por Moisés.
Os profetas, face à Lei e ao seu rigorismo e desumanização, tinham anunciado como por esses caminhos ela se tinha desvirtuado, se tinha afastado do primeiro objectivo da Lei, que era potenciar e desenvolver o amor por Deus e pelos irmãos.
Desta forma e com esta afirmação o escriba encontra-se com a verdade de Jesus, com a sua palavra salvadora e por isso Jesus lhe diz que não está longe do reino de Deus, um reino que se constrói no amor e não na exterioridade de sacrifícios e holocaustos.
O reino de Deus manifesta-se assim como um reino de amor, uma realidade na qual o homem é convidado a amar com todo o seu ser, com toda a sua inteligência, com todo o seu espírito e com toda a sua alma. O homem é convidado a amar em todas as suas dimensões Deus e os irmãos, porque o amor de um se reflecte no amor do outro, há como que uma cadeia natural entre ambos.
Também nós somos convidados a viver este amor total, um amor que deve trespassar mesmo as nossas paixões, purificando-as, de modo a também nelas e através delas nos irmos aproximando do reino de Deus.
Que o Senhor Jesus nos conceda a graça do amor.

 
Ilustração: “Cristo Pantocrator”, Ícone Russo.

2 comentários:

  1. Frei José Carlos,

    Ao ler este belo texto que propôs para Meditação,que nos ajudam a uma reflecção mais profunda.Como nos diz o Frei José Carlos,também nós somos convidados a viver este amor total,um amor que deve trespassar mesmo as nossas paixões purificando-as,de modo a também nelas e através delas nos irmos aproximando do reino de Deus.Que o Senhor Jesus nos conceda a graça do amor.Obrigada,Frei José Carlos,por este maravilhoso texto que partilhou connosco,e pela belíssima ilustração que muito gostei.Bem-haja.Que o Senhor o ilumine o abençõe e o proteja.Desejo-lhe um bom fim de semana.
    Um abraço fraterno.
    AD

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  2. Frei José Carlos,

    Obrigada, Frei José Carlos, pela partilha da Meditação, por nos deixar uma palavra de estímulo na busca do reino de Deus, como Jesus deixou ao escriba ...” O reino de Deus manifesta-se assim como um reino de amor, uma realidade na qual o homem é convidado a amar com todo o seu ser, com toda a sua inteligência, com todo o seu espírito e com toda a sua alma. O homem é convidado a amar em todas as suas dimensões Deus e os irmãos, porque o amor de um se reflecte no amor do outro, há como que uma cadeia natural entre ambos.
    Também nós somos convidados a viver este amor total, um amor que deve trespassar mesmo as nossas paixões, purificando-as, de modo a também nelas e através delas nos irmos aproximando do reino de Deus.”…
    Façamos nossas as palavras de Frei José Carlos e peçamos “Que o Senhor Jesus nos conceda a graça do amor”.
    Que o Senhor abençõe e guarde o Frei José Carlos.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

    P.S. Permita-me, Frei José Carlos, que partilhe um poema de Frei José Augusto Mourão, OP

    da Cruz

    Deus, loucura do mundo/dá-nos a coragem da constância/no azul cinzento/de certos dias cinzentos//

    não nos paralise o medo/diante do que nasce e cresce/entre ruínas//

    não nos seduza o anjo da luz enganosa/sob a capa da piedade/ou da verdade nua//

    salve-nos a loucura da tua cruz/que nos ensine o amor/e a grça de chamar-te/
    Pai, Filho e Espírito Santo//

    (In, “O nome e a Forma”, Pedra Angular, 2009)

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