quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Eu não sou o Messias (Jo 1,20)

Desde há muito que os judeus esperavam a vinda do Messias e por isso quando João começa a baptizar e a pregar a conversão junto ao rio Jordão muitos se dirigiram a ele procurando encontrar o Messias esperado.
Hoje, tal como naquele tempo, também muitos homens procuram o seu messias, o seu salvador, o libertador de todos os males políticos, sociais e económicos, e por vezes encontram alguém que se lhes oferece como resposta e solução para essa busca.
Esta resposta e a resposta de João àqueles que desde Jerusalém o tinham vindo interrogar colocam-nos face ao desafio de não nos enganarmos no messias, de não nos deixarmos enganar por aqueles que exploram e se aproveitam dessa busca profunda do homem.
Neste sentido, não podemos perder de vista que contrariamente a tantos messias salvadores que se nos apresentam e oferecem, João Baptista responde e reafirma convictamente que ele não é o Messias, que ele não é aquele pelo qual buscam e anseiam.
João Baptista coloca dessa forma o centro em outra pessoa, descentraliza a atenção de si mesmo, mostra que não é o Verbo mas apenas a voz que clama pelo Verbo. João concebe-se e apresenta-se como um instrumento, e um instrumento pouco digno para a missão que lhe corresponde.
No início deste novo ano somos igualmente convidados a descentrar-nos de nós próprios, a não escutar essa voz que nos vai iludindo com a capacidade de resposta total perante todos os desafios. Nós não somos os nossos próprios salvadores, ninguém se salva a si mesmo, mas pode salvar outros ou deixar-se salvar por outro.
Grandeza enorme a de João, pois não houve filho maior nascido de mulher, grandeza também nossa na medida em que aceitamos a acolhemos Aquele que nos pode plenamente salvar, porque o mais pequeno no Reino do Céus é maior que João, e no Reino dos Céus o mais pequeno é aquele que se deixa salvar, que aceita a sua pequenez resgatada por Deus.
 
Ilustração: “São João Baptista”, de Tiziano, Academia de Veneza.   

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    Leio com atenção a partilha do texto da Meditação sobre o Evangelho do dia. Permita-me que respigue um excerto que me toca particularmente. ...” João Baptista coloca dessa forma o centro em outra pessoa, descentraliza a atenção de si mesmo, mostra que não é o Verbo mas apenas a voz que clama pelo Verbo. João concebe-se e apresenta-se como um instrumento, e um instrumento pouco digno para a missão que lhe corresponde.
    No início deste novo ano somos igualmente convidados a descentrar-nos de nós próprios, a não escutar essa voz que nos vai iludindo com a capacidade de resposta total perante todos os desafios.”…
    Grata, Frei José Carlos, pela partilha da Meditação, pelo convite, por recordar-nos os nossos limites, ao afirmar-nos que …” Nós não somos os nossos próprios salvadores, ninguém se salva a si mesmo, mas pode salvar outros ou deixar-se salvar por outro” … e …“o mais pequeno no Reino do Céus é maior que João, e no Reino dos Céus o mais pequeno é aquele que se deixa salvar, que aceita a sua pequenez resgatada por Deus.”
    Que o Senhor o ilumine, abençoe e proteja. Continuação de uma boa semana.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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