A forma como Jesus
ensina as multidões através das parábolas, fazendo referência a realidades do
quotidiano e do conhecimento de todos, é verdadeiramente surpreendente, assim
como é surpreendente a forma implicativa e interactiva, pois Jesus não deixa os
seus ouvintes na passividade, exige-lhes uma resposta, um compromisso.
Podemos ver esta
interacção no momento em que Jesus interroga os seus ouvintes sobre o lugar da
luz, sobre a naturalidade do lugar em que se coloca a luz, confrontando-os com
um exemplo que é um completo disparate, pois ninguém acende uma luz para a
esconder debaixo do alqueire ou da cama.
Habituados como
estamos à iluminação eléctrica, a termos nos nossos espaços habitacionais
diversos pontos de luz, como candeeiros no tecto, nas secretárias, na mesinha
ao lado do sofá, muitas vezes nem nos apercebemos da importância do lugar em
que a fonte de iluminação é colocada. Contudo, todos temos muito claro que não
acendemos nenhum candeeiro para o colocar debaixo da cama ou o deixar aceso no
roupeiro.
Tomando como ponto de
partida esta evidência, Jesus confronta os seus discípulos e ouvintes com a
necessidade de serem e sermos luz que brilha, uma luz que dá forma e cor aos
corpos que nos rodeiam, tal como o faz qualquer fonte de luz, e portanto de nos
reconhecermos como colocados num ponto elevado, evidente, de forma a iluminar
verdadeiramente.
Não sendo nós a fonte
da luz, pois a luz verdadeira é Cristo, somos chamados a reflecti-la de tal
maneira que tudo à nossa volta seja inundado da luz, ganhe as formas e as cores
que lhes são naturais e que a luz revela na sua perfeição ou imperfeição. Somos
chamados a ser porta-luz, lâmpadas que se deixam incendiar para que outras
sejam igualmente incendiadas.
Esta iluminação, este
irradiar, passa hoje, e como passou sempre ao longo dos tempos, por uma
presença cheia de alegria, por opções e palavras cheios de esperança, por
gestos que ainda que insignificativos estão fundados na caridade e na amizade.
É esta vida iluminada
por Jesus que somos convidados a viver e através dela a iluminar as sombras que
nos rodeiam, ou que ainda preenchem o nosso interior, como tantas vezes
acontece. Que a luz de Cristo brilhe sobre nós e nos conceda a paz para
podermos e sabermos iluminar sem nenhuma quebra de corrente.
Ilustração: “Vorozhinnia”,
de Mykola Pymonenko, Pintura Ucraniana.
Ser luz é um dom que temos que saber compreender e aceitar para podermos difundir.
ResponderEliminarDevemos agradecer àquele que o são e no-la transmitem pela presença, a amizade...Inter Pars
Frei José Carlos,
ResponderEliminarSomos apenas um mero instrumento por onde passa a Luz que nos ilumina. Como nos salienta ...” Não sendo nós a fonte da luz, pois a luz verdadeira é Cristo, somos chamados a reflecti-la de tal maneira que tudo à nossa volta seja inundado da luz, ganhe as formas e as cores que lhes são naturais e que a luz revela na sua perfeição ou imperfeição. Somos chamados a ser porta-luz, lâmpadas que se deixam incendiar para que outras sejam igualmente incendiadas. (…)
Na realidade, Jesus, “exige aos seus ouvintes uma resposta, um compromisso” que também nos é dirigido, e como Frei José Carlos afirma no texto …” este irradiar, passa hoje, e como passou sempre ao longo dos tempos, por uma presença cheia de alegria, por opções e palavras cheios de esperança, por gestos que ainda que insignificativos estão fundados na caridade e na amizade”. …
Grata, Frei José Carlos, pela partilha do texto da Meditação profundo, que ilustrou de forma tão bela, pela confiança e esperança que nos transmite, por recordar-nos que …” É esta vida iluminada por Jesus que somos convidados a viver e através dela a iluminar as sombras que nos rodeiam, ou que ainda preenchem o nosso interior, como tantas vezes acontece”. …
Que o Senhor o ilumine, o guarde e abençoe.
Desejo que tenha um bom dia, com alegria, confiança e esperança.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva
P.S. Permita-me, Frei José Carlos, que partilhe de novo o texto de uma oração.
OS DIAS
TORNAM-SE
CLAROS
Os dias tornam-se claros, Senhor. À medida que as horas de luz aumentam, parece que
cresce também a extensão interior do tempo. Gosto do pleno azul dos céus, pois ele nos
restitui o sabor indiviso da Tua plenitude. Gosto da nitidez que a matéria ganha, porque sei
que nela se manifesta a evidência do Espírito. Gosto de pensar que hoje subirei pelas ruas
iluminadas de sol, pois isso espelha a Tua promessa de que venceremos a vida penumbrosa e sombria.
(In, Um Deus Que Dança, Itinerários para a Oração, José Tolentino Mendonça, 2011)