É surpreendente a
forma como João Baptista assume a sua missão e relação com Jesus, o Messias que
reconhece e identifica no momento em que se encontra a baptizar no rio Jordão.
Ainda que não
encontremos esta expressão nos Evangelhos, podemos dizer à luz da nossa
cultura, da nossa sociedade e relações profissionais e sociais, que João
Baptista se apresenta como uma figura de low-profile.
Face ao reconhecimento
do Messias, João Baptista assume uma posição discreta, opta por uma linha de conduta
que evita a exposição, que evita os holofotes. João Baptista sabe que deve
diminuir para que Jesus cresça, que deve ceder o lugar àquele que era antes de
ele ser.
Tal conduta, tal
posição, não significa no entanto que João tenha abdicado da sua missão, que se
tenha reformado, mas bem pelo contrário, João continua a sua acção e a sua
missão, e de tal forma que não só é visitado pelas autoridades de Jerusalém
como acaba mesmo por dar a vida pela fidelidade à missão a que tinha sido
chamado.
Assim, o low-profile
de João Baptista deixa-nos um desafio que temos que assumir claramente e com
todas as consequências, Jesus deve crescer e cada um de nós deve diminuir, mas
tal processo não implica nem o abandono nem a deserção, mas pelo contrário uma
fidelidade cada vez maior.
De facto, para que
diminua o nosso egoísmo, a nossa auto-suficiência, para que Jesus cresça em
cada um de nós, temos que permanecer fiéis, antes de mais ao seu conhecimento,
à partilha da sua intimidade e depois frente aos desafios do mundo que se nos
colocam por essa mesma fidelidade.
O crescimento de
Jesus, a nossa identificação com ele, de modo a podermos dizer como São Paulo “já
não sou eu que vivo é Cristo que vive em mim”, exige essa humildade de João de
se reconhecer indigno servo e a sua fidelidade de continuar a pregar e a
baptizar apesar de Jesus já fazer o mesmo e com mais popularidade.
Procuremos pois
permanecer fiéis na humildade da nossa missão, confiantes que essa fidelidade e
humildade nos alcançarão a alegria de partilhar da intimidade eterna Daquele
por quem todo o crescimento e luz nos vêm.
Ilustração: “São João
Baptista”, de Pierre Mignard, Museu do Prado, Madrid.
SIM.Inter Pars
ResponderEliminarFrei José Carlos,
ResponderEliminarComo nos recorda o comportamento assumido por João Baptista ao reconhecer Jesus, o Messias, no momento em que se encontra a baptizar no rio Jordão, …” deixa-nos um desafio que temos que assumir claramente e com todas as consequências, Jesus deve crescer e cada um de nós deve diminuir, mas tal processo não implica nem o abandono nem a deserção, mas pelo contrário uma fidelidade cada vez maior” (…) “permanecendo fiéis, antes de mais ao seu conhecimento, à partilha da sua intimidade e depois frente aos desafios do mundo que se nos colocam por essa mesma fidelidade.”
Grata, Frei José Carlos, por esta partilha profunda, maravilhosamente ilustrada, que conduz-nos ao fundo de nós mesmos, e que ultrapassa a nossa relação com Jesus, para levar-nos à reflexão sobre a realidade do nosso quotidiano nas suas múltiplas dimensões.
Que o Senhor o ilumine, abençoe e proteja.
Votos de um bom domingo.
Bom descanso.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva