Conta-nos o Evangelho de São Mateus que Jesus, depois de
saber que João Baptista tinha sido preso, abandonou Nazaré onde tinha sido
criado e foi habitar em Cafarnaum, uma pequena cidade junto ao mar.
Ao procurarmos no dicionário o significado da palavra
Cafarnaum confrontamo-nos com uma origem e acepção que deriva de lugar onde se
colocam os inconvenientes, de lugar que encerra em si bastantes objectos em
desordem.
E é nesse lugar que Jesus vai fixar a sua morada e vai
centralizar a sua pregação, não passando apenas por ali, como se estivesse de
viagem, mas assentando arraiais como se diz na linguagem popular.
Tal fixação e permanência mostram-nos que Jesus não veio para
executar uma limpeza, para deitar fora aquilo que já não se utiliza ou incomoda,
não veio para impor uma ordem, supervisionar um processo do qual posteriormente
se separa ou abandona.
Jesus veio habitar em Cafarnaum e veio habitar entre nós, no
meio das nossas inconveniências, das nossas desordens, não deitando nada fora,
não jogando pela janela o que compõe a nossa casa em desordem, mas pelo
contrário iluminando cada uma dessas realidades, dessas desordens com a sua luz
salvadora.
Assim, ninguém está longe de Cristo, ninguém se pode
considerar afastado ou preterido por Deus, porque mesmo nas nossas misérias e
desordens Deus se encontra para nos iluminar e conduzir à ordem e à harmonia.
E neste sentido, à luz de Cafarnaum, percebemos a ternura de
Deus, o amor que Deus nos tem e como se faz presente apesar de tudo, apesar da
desordem em que tantas vezes se encontra encerrada a nossa vida, os nossos
sentimentos, o nosso amor. Deus vem habitar connosco!
Ilustração: O meu Menino Jesus sobre uma página do livro “Os
Trabalhos de Jesus” de frei Tomé de Jesus.
Como seria bom que, como Jesus, fôssemos a Cafarnaum e deixássemos que Ele nos ajudasse a ver as nossas desordens, a iluminar as nossas realidades,para que Ele pudesse mesmo habitar entre nós. Inter Pars
ResponderEliminarFrei José Carlos,
ResponderEliminarQuando acabei de ler o texto da Meditação que o irmão elaborou e partilha fiquei algum tempo a reflectir na desordem da minha própria casa interior e não era necessário grande reflexão para ver-me espelhada no que escrevera. E talvez seja essa desordem interior que me leva a procurar a verdade, a não desistir, a sentir que Jesus nunca desiste de me procurar, que me aceita e ama como sou, que mantém acesa a chama interior, o ter fome e sede de justiça, acreditar num mundo mais justo e mais fraterno, em cuja construção sinto-me responsável, poder continuar a sonhar e a amar. Mas nesta caminhada há sempre algo que Jesus ajuda a melhorar e que dá-me confiança e coragem para mim e para partilhar com os outros nas situações mais inesperadas.
Como nos salienta, ...” ninguém está longe de Cristo, ninguém se pode considerar afastado ou preterido por Deus, porque mesmo nas nossas misérias e desordens Deus se encontra para nos iluminar e conduzir à ordem e à harmonia.”…
Frei José Carlos acredito que Deus está entre nós, é um Deus connosco.
Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas que vêm ao nosso encontro, pela bela ilustração, por recordar-nos que ...” à luz de Cafarnaum, percebemos a ternura de Deus, o amor que Deus nos tem e como se faz presente apesar de tudo, apesar da desordem em que tantas vezes se encontra encerrada a nossa vida, os nossos sentimentos, o nosso amor.”…
Que o Senhor o ilumine, abençoe e proteja.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva
P.S. Permita-me, Frei José Carlos, que partilhe de novo um poema de Frei José Augusto Mourão.
da sabedoria
I
Deus, dá à nossa vida o amor da sabedoria/que é o amor da vida/o amor do conhecimento do bem e do mal/
dá à nossa vida a sabedoria dos contrários, da angústia ao riso/do caminho ao cimo/onde tu esperas,/
Deus, que invocamos neste fim do dia,/ no lusco-fusco das imagens e da fé/
II
Deus, Sabedoria dos humildes,/ensina à nossa vida a arte de viver/ a justa relação com o mundo/