A novidade atrai
sempre a atenção das pessoas e sabemos por experiência própria como nos
deixamos encantar por alguma coisa que desconhecíamos, de que não fazíamos ideia.
Jesus foi também uma
novidade para os homens e mulheres do seu tempo, para aqueles que no marasmo do
quotidiano se encontraram com alguém que era diferente, que não só falava com
autoridade mas agia também com autoridade e poder.
Por esta razão o
encontramos muitas vezes e em diversas circunstâncias apertado pela multidão
que o procura, que lhe quer tocar, que quer ser curada, uma multidão frequentemente
atraída por uma exterioridade que não conduz ao verdadeiro encontro mas ao
desencontro.
Num desses momentos de
aperto Jesus é mesmo obrigado a subir para uma barca e desde aí a falar à
multidão. Face a tão numerosa assembleia nada era mais necessário que falar de
sementeira, que falar de um semeador que sai a semear e encontra vários tipos
de terrenos que produzem diversos tipos de resultados.
Também nós nos
aproximamos de Jesus, e muitas vezes como aquela multidão deixamo-nos subjugar
às manifestações exteriores, ficamos pela superficialidade do encontro, não
arriscando um encontro em que nos temos que confrontar com o terreno que somos,
a semente que Deus lança e nós e os frutos que estamos a produzir.
É sempre mais fácil
seguir a multidão, deixar-se levar pela massa que não nos compromete
profundamente e muitas vezes nos desresponsabiliza, embora Jesus nos convide
sempre à intimidade e a uma encontro pessoal, a uma conversa que passa por perguntar
“onde moras” e uma resposta que se resume a “vem ver”.
Hoje parece que a
novidade de Jesus se diluiu, que já não tem nada de novo para nos dizer, ou já
nem lhe encontramos autoridade que nos surpreenda e portanto nos faça procurá-lo.
Face a tal realidade necessitamos sair da massa, abandonar os esquemas da
multidão, o exterior, e avançar para um encontro pessoal, um encontro que na
noite da vida nos pode conduzir à luz e a um novo nascimento, como aconteceu
com Nicodemos.
Mostra-nos Senhor onde
moras, o aposento do teu repouso, para aí te buscarmos e nos encontrarmos no
sossego da intimidade contigo.
Ilustração: “Ave Maria
bei der Uberfahrt”, de Giovanni Segantini, Suíça.
Frei José Carlos,
ResponderEliminarGrata pelas palavras de desafio, de incentivo, de convite que nos deixa ao recordar-nos que ...” necessitamos sair da massa, abandonar os esquemas da multidão, o exterior, e avançar para um encontro pessoal, um encontro que na noite da vida nos pode conduzir à luz e a um novo nascimento, como aconteceu com Nicodemos.”
Convite que pressupõe de cada um de nós, o desejo, a busca de Jesus, de saber o que estamos procurando, de aprofundamento da nossa relação com Jesus, de outro estilo de vida, da confiança na Palavra de Jesus, para enfrentar os desafios que se nos apresentam.
Tenhamos a humildade e a coragem para continuar a busca permanente do Senhor, para ...”nos encontrarmos no sossego da intimidade com Ele”, para aceitarmos o convite de Jesus que se dirige também a todos nós “Vinde ver”.
Que o Senhor o ilumine, o guarde e abençoe.
Continuação de um bom dia.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva
P.S. Permita-me, Frei José Carlos, que partilhe de novo um poema de Frei José Augusto Mourão, OP
o ouvido à escuta
que no limiar desta hora/a tua palavra intime/o nosso ouvido à escuta e ao perdão,/
Deus de que o vestígio mais próximo/é a tua Palavra que tocámos,/Jesus Cristo,
nossa mudança e nossa passagem//
que o anjo da tua caridade,/não o da catástrofe,/nos guarde nos dias e nos trabalhos/
que recomeçam,//
nós to pedimos em Jesus Cristo/
e no Espírito iluminador
(In, “O nome e a Forma”, Pedra Angular, 2009)