quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Pela quarta vigília Jesus foi ter com eles (Mc 6,48)

Somos certamente poucos os que temos conhecimento e experiência do esforço que é necessário exercer para remar contra a maré, contra os ventos contrários no meio do oceano. São os homens do mar que mais conhecimentos têm desta realidade, embora cada um de nós saiba e possa dizer o que metaforicamente estas palavras significam na nossa vida.
O Evangelho de São Marcos conta-nos que uma noite em que se levantou um forte vento e as ondas eram alterosas, os pescadores discípulos de Jesus viram-se aflitos para ultrapassar a situação e por isso na quarta vigília da noite estavam já exaustos de remar contra a maré.
É nessa circunstância que Jesus vai ter com eles caminhando sobre as águas do mar, para grande surpresa ou susto dos que se encontravam na barca. É nessa mesma circunstância que Jesus revela o seu poder sobre as águas e sobre o vento ordenando-lhes que se acalmem.
Esta solicitude de Jesus para com os discípulos em dificuldades e aflição devia ser para cada um de nós um incentivo à confiança, um conforto quando enfrentamos as dificuldades, quando também nos sentimos a remar contra a maré e rodeados de ondas alterosas e ventos fortes.
Antes de mais porque, tal como sobre as águas e os ventos, Jesus tem poder sobre aquilo que nos atormenta, sobre as forças e o mal que procuram afundar-nos, submergir-nos na noite escura e no mar profundo do desespero e do sem sentido.
Mas depois, e sobretudo, porque nessas mesmas situações Jesus vem ao nosso encontro, se aproxima de nós solícito, apresentando-se e convidando-nos a ter confiança e a não temer. Tal como no mistério da Incarnação veio ao encontro do Homem, hoje continua a vir ao encontro de cada um de nós.
Jesus procura a presença dos seus amigos, procura as formas de se tornar presente e de nos acompanhar, ainda que muitas vezes essas formas nos sejam tão estranhas e tão pouco credíveis como o caminhar sobre as águas.
Contudo, quando nos aparece no meio da tormenta e nos diz “Sou Eu”, que alegria, que paz e tranquilidade experimentamos; tudo adquire uma outra dimensão, uma outra luz. E mesmo as nossas forças fatigadas ou esgotadas recobram poder para enfrentar as ondas e o vento que continuando soprando.
Senhor Jesus, rocha do meu refúgio, que as ondas e os ventos contrários não nos impeçam de te ver vir ao nosso encontro, de te escutar dizer amorosamente “Sou Eu”.
 
Ilustração: “Os Discípulos vêem Jesus caminhar sobre as águas”, de Henry Ossawa Tanner, Des Moines Art Center, USA.

  

2 comentários:

  1. Lendo este texto convenço-me ainda mais que Jesus sabe bem que é difícil nós percebermos que ele procura a nossa presença quando o faz de modos tão estranhoscomo acontece às vezes. Por isso tem necessidade de nos sossegar e dizer: "não temais. Sou Eu".I. T.

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  2. Frei José Carlos,

    Quando li o texto da Meditação que teceu e partilha fiquei a meditar no realismo que encerra, como reflecte a vida de muitos de nós nas suas diversas dimensões, como espelha a actualidade que vivemos e que se projecta. E há somente uma força que pode ajudar-nos no dia-a-dia, é a confiança em Deus, que está presente na Luz que vivemos, de forma invisível, e que nos dá coragem para enfrentar “as noites escuras”.
    Como nos salienta ... “Esta solicitude de Jesus para com os discípulos em dificuldades e aflição devia ser para cada um de nós um incentivo à confiança, um conforto quando enfrentamos as dificuldades, quando também nos sentimos a remar contra a maré e rodeados de ondas alterosas e ventos fortes. (…)
    (...) Contudo, quando nos aparece no meio da tormenta e nos diz “Sou Eu”, que alegria, que paz e tranquilidade experimentamos; tudo adquire uma outra dimensão, uma outra luz. E mesmo as nossas forças fatigadas ou esgotadas recobram poder para enfrentar as ondas e o vento que continuam soprando.”…
    Façamos nossas as palavras de Frei José Carlos e peçamos ao …” Senhor Jesus, rocha do meu refúgio, que as ondas e os ventos contrários não nos impeçam de te ver vir ao nosso encontro, de te escutar dizer amorosamente “Sou Eu”.”
    Grata, Frei José Carlos, pela partilha profunda, que ilustrou com tanta beleza (azul que nos ilumina), pela confiança, coragem, serenidade e esperança que nos transmite.
    Que o Senhor o ilumine, abençoe e proteja. Continuação de uma boa semana.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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