Somos certamente
poucos os que temos conhecimento e experiência do esforço que é necessário exercer
para remar contra a maré, contra os ventos contrários no meio do oceano. São os
homens do mar que mais conhecimentos têm desta realidade, embora cada um de nós
saiba e possa dizer o que metaforicamente estas palavras significam na nossa
vida.
O Evangelho de São
Marcos conta-nos que uma noite em que se levantou um forte vento e as ondas
eram alterosas, os pescadores discípulos de Jesus viram-se aflitos para
ultrapassar a situação e por isso na quarta vigília da noite estavam já
exaustos de remar contra a maré.
É nessa circunstância
que Jesus vai ter com eles caminhando sobre as águas do mar, para grande
surpresa ou susto dos que se encontravam na barca. É nessa mesma circunstância
que Jesus revela o seu poder sobre as águas e sobre o vento ordenando-lhes que
se acalmem.
Esta solicitude de
Jesus para com os discípulos em dificuldades e aflição devia ser para cada um
de nós um incentivo à confiança, um conforto quando enfrentamos as
dificuldades, quando também nos sentimos a remar contra a maré e rodeados de
ondas alterosas e ventos fortes.
Antes de mais porque,
tal como sobre as águas e os ventos, Jesus tem poder sobre aquilo que nos
atormenta, sobre as forças e o mal que procuram afundar-nos, submergir-nos na
noite escura e no mar profundo do desespero e do sem sentido.
Mas depois, e
sobretudo, porque nessas mesmas situações Jesus vem ao nosso encontro, se aproxima
de nós solícito, apresentando-se e convidando-nos a ter confiança e a não temer.
Tal como no mistério da Incarnação veio ao encontro do Homem, hoje continua a
vir ao encontro de cada um de nós.
Jesus procura a presença
dos seus amigos, procura as formas de se tornar presente e de nos acompanhar,
ainda que muitas vezes essas formas nos sejam tão estranhas e tão pouco credíveis
como o caminhar sobre as águas.
Contudo, quando nos
aparece no meio da tormenta e nos diz “Sou Eu”, que alegria, que paz e
tranquilidade experimentamos; tudo adquire uma outra dimensão, uma outra luz. E
mesmo as nossas forças fatigadas ou esgotadas recobram poder para enfrentar as
ondas e o vento que continuando soprando.
Senhor Jesus, rocha do
meu refúgio, que as ondas e os ventos contrários não nos impeçam de te ver vir
ao nosso encontro, de te escutar dizer amorosamente “Sou Eu”.
Ilustração: “Os Discípulos
vêem Jesus caminhar sobre as águas”, de Henry Ossawa Tanner, Des Moines Art
Center, USA.
Lendo este texto convenço-me ainda mais que Jesus sabe bem que é difícil nós percebermos que ele procura a nossa presença quando o faz de modos tão estranhoscomo acontece às vezes. Por isso tem necessidade de nos sossegar e dizer: "não temais. Sou Eu".I. T.
ResponderEliminarFrei José Carlos,
ResponderEliminarQuando li o texto da Meditação que teceu e partilha fiquei a meditar no realismo que encerra, como reflecte a vida de muitos de nós nas suas diversas dimensões, como espelha a actualidade que vivemos e que se projecta. E há somente uma força que pode ajudar-nos no dia-a-dia, é a confiança em Deus, que está presente na Luz que vivemos, de forma invisível, e que nos dá coragem para enfrentar “as noites escuras”.
Como nos salienta ... “Esta solicitude de Jesus para com os discípulos em dificuldades e aflição devia ser para cada um de nós um incentivo à confiança, um conforto quando enfrentamos as dificuldades, quando também nos sentimos a remar contra a maré e rodeados de ondas alterosas e ventos fortes. (…)
(...) Contudo, quando nos aparece no meio da tormenta e nos diz “Sou Eu”, que alegria, que paz e tranquilidade experimentamos; tudo adquire uma outra dimensão, uma outra luz. E mesmo as nossas forças fatigadas ou esgotadas recobram poder para enfrentar as ondas e o vento que continuam soprando.”…
Façamos nossas as palavras de Frei José Carlos e peçamos ao …” Senhor Jesus, rocha do meu refúgio, que as ondas e os ventos contrários não nos impeçam de te ver vir ao nosso encontro, de te escutar dizer amorosamente “Sou Eu”.”
Grata, Frei José Carlos, pela partilha profunda, que ilustrou com tanta beleza (azul que nos ilumina), pela confiança, coragem, serenidade e esperança que nos transmite.
Que o Senhor o ilumine, abençoe e proteja. Continuação de uma boa semana.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva