quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Antífona do Ó do dia 22 de Dezembro


Ó Reis das nações e Pedra angular da Igreja, vinde salvar o homem que formastes do pó da terra.

O vendaval do tempo mostra-nos o quanto somos pó. Formados do pó e vivificados pelo sopro divino voltamos inevitavelmente ao pó. No entretanto e entretecer do tempo vivemos do sopro mas sempre com essa contingência do pó de onde partimos e ao qual regressaremos.
É por isso que ao aproximar-se o Natal brada nas nossas gargantas esta súplica de salvação, necessitamos ser resgatados do pó, desta contingência opressora do pó, o sopro da vida divina quer um pouco mais.
A encarnação do Filho de Deus, a vinda do Rei das nações, é o remédio e a vitória sobre esta contingência, pois só nele este mesmo pó adquire uma outra dimensão substancial, deixando de ser apenas uma contingência fatal para se abrir à possibilidade de caminho e dom.
O pó de que somos formados revela-se alimento, fonte de amor, arma de luta pela justiça e pela paz, o corpo de pó transforma-se em pão, alimento para os outros do amor que buscam e necessitam. Em cada grão do pó brilha a vida e o sopro divino e portanto nada mais está condenado, mas reabilitado para a eternidade do amor.
O pó transforma-se assim em pedra angular, coluna e cume de uma construção querida e amada desde o seu mesmo primeiro momento de existência. É a semelhança com o criador, o reinado sobre todos os animais e plantas, a filiação divina que transforma o sopro vivificante em fogo que purifica o pó nessa entrega para alimento.
Somos pó Senhor, pó da terra! Transforma-nos pelo Espírito que sopra em nós, em pão de farinha de trigo, alvo, puro, digno de ser teu Corpo transfigurado.

Ilustração: Mosaico Paleocristão com o Pão e o Peixe.

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    O texto da Meditação sobre a Antífona do Ó do dia 22 de Dezembro que teceu é profundo, com uma maravilhosa ilustração, recordando-nos que ...” Formados do pó e vivificados pelo sopro divino voltamos inevitavelmente ao pó (…) e …” É por isso que ao aproximar-se o Natal brada nas nossas gargantas esta súplica de salvação, necessitamos ser resgatados do pó, desta contingência opressora do pó, o sopro da vida divina quer um pouco mais.
    A encarnação do Filho de Deus, a vinda do Rei das nações, é o remédio e a vitória sobre esta contingência, pois só nele este mesmo pó adquire uma outra dimensão substancial, deixando de ser apenas uma contingência fatal para se abrir à possibilidade de caminho e dom.”…
    Ouvi Senhor a súplica de salvação de Frei José Carlos ... “Somos pó Senhor, pó da terra! Transforma-nos pelo Espírito que sopra em nós, em pão de farinha de trigo, alvo, puro, digno de ser teu Corpo transfigurado.”
    Obrigada, Frei José Carlos, pela partilha da Meditação, pela oração. Que o Senhor, o abençoe e proteja.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

    ResponderEliminar