domingo, 25 de dezembro de 2011

O Natal com um poema de Rainer Maria Rilke

Porque haviam minhas mãos de nos pincéis errar?
Quando te pinto, meu Deus, mas o hás-de notar.

Sinto-te. Nos meus sentidos a entrar
começas a hesitar, como com muitas ilhas,
e para os teus olhos, sem nunca pestanejar,
sou eu o espaço sem milhas.

Já não te encontras no seio do teu esplendor
em que todas as linhas da dança dos Anjos em redor
as distâncias como música se desfazem,
moras na tua casa derradeira.
Todo o teu céu me escuta na fronteira
Porque meus pensamentos do silêncio se refazem.

Ilustração: “O Sono do MeninoJesus”, de Il Sassoferrato.

1 comentário:

  1. Frei José Carlos,

    Muito obrigada, pela partilha deste poema profundo e belo de Rilke numa tarde de Natal. Os livros de Rilke são sempre uma boa companhia.

    ... “Sinto-te. Nos meus sentidos a entrar
    começas a hesitar, como com muitas ilhas,
    e para os teus olhos, sem nunca pestanejar,
    sou eu o espaço sem milhas.” …

    Interrogo-me, quantas vezes, alguns de nós , não vivemos sensações semelhantes às descritas por Rilke.
    Bem-haja, Frei José Carlos.
    Continuação de um bom domingo.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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