segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Farei de vós pescadores de homens (Mc 1,17)

Não pode deixar de nos surpreender a forma como São Marcos narra o chamamento dos primeiros discípulos.
Caminhando junto ao mar da Galileia, Jesus viu Simão e seu irmão André que deitavam as redes e chamou-os, “vinde comigo e farei de vós pescadores de homens”.
Expressão extraordinária e incompreensível, que nos deixa a pensar sobre o que Pedro e André teriam percebido daquele chamamento e daquelas palavras.
Para homens habituados às redes e ao peixe, trabalhadores do mar, que teria significado aquelas palavras? E contudo, apesar da estranheza não deixaram de seguir Jesus.
Por outro lado, e olhando já para a nossa situação, podemos questionar-nos sobre a necessidade de sermos pescados, sobre a vontade de nos sentirmos aprisionados por uma rede. Para quê ser pescados?
Se os peixes que são apanhados nas redes dos pescadores são para serem vendidos no mercado, os homens apanhados nas redes dos pescadores de homens são para se encontrarem.
A pesca de Deus, através dos pescadores de homens, tem esse objectivo de reunir os homens, de os congregar numa unidade e num encontro decisivo. Os pescadores de homens como Pedro e seu irmão André, Tiago e João, foram chamados para servirem ao amor insondável de Deus pelos homens.
Ainda hoje, quando Deus nos pede para deixarmos as redes do nosso peixe para nos aventurarmos na pesca de homens é apenas porque ainda hoje não desistiu de congregar todos os homens num só povo, numa só rede, numa só barca.
Ao cardume dos homens dispersos, Deus estende a sua rede para os congregar; e cada um de nós é convidado a exercer essa pesca através da fidelidade ao testemunho do amor de Deus, através das nossas redes de relações fundadas na verdade, na justiça e no amor.  
Procuremos pois colaborar na pesca de Deus anunciando o amor que Deus nos consagrada.
 
Ilustração: “Pescadores Valencianos”, de Joaquín Sorolla y Batisda, Colecção Privada Espanhola.

3 comentários:

  1. Frei José Carlos,

    No final de um longo dia, leio e fico a meditar no texto que teceu e partilha e na realidade do quotidiano profissional de muitos de nós em que se desenvolvem(ram) acções para construir e desenvolver o conceito de “rede”, de ligação de meios humanos, de partilha de informação, de experiências, de médios e grandes equipamentos científicos, custeado por todos nós e que devem estar ao serviço de uma comunidade e do desenvolvimento do país. Esforços que se desenvolvem em vários sectores, tantas vezes em vão, e que são tal mal acolhidos ... É a afirmação do “eu” que prevalece sobre o “nós”.
    Ao reflectir sobre o texto que nos oferece pergunto, se é legítimo expressar-me desta forma, que espécie de magnetismo possuía Jesus? O que levava aqueles homens a deixar de imediato o que julgavam ter como certo para embarcarem numa aventura? Mas como o Frei José Carlos afirma o chamamento de Jesus é uma “Expressão extraordinária e incompreensível, que nos deixa a pensar sobre o que Pedro e André teriam percebido daquele chamamento e daquelas palavras” (…) “E contudo, apesar da estranheza não deixaram de seguir Jesus”. …
    Como nos salienta, …” Ainda hoje, quando Deus nos pede para deixarmos as redes do nosso peixe para nos aventurarmos na pesca de homens é apenas porque ainda hoje não desistiu de congregar todos os homens num só povo, numa só rede, numa só barca.” …
    Grata, Frei José Carlos, pelas palavras partilhadas, que nos conduzem à nossa realidade em várias dimensões, profundas, ilustradas maravilhosamente, por recordar-nos que …” Ao cardume dos homens dispersos, Deus estende a sua rede para os congregar; e cada um de nós é convidado a exercer essa pesca através da fidelidade ao testemunho do amor de Deus, através das nossas redes de relações fundadas na verdade, na justiça e no amor.”…
    Que o Senhor o ilumine, o guarde e o abençoe.
    Bom descanso.
    Um abraço fraterno,
    Maria José Silva

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  2. Simão e André talvez tivessem entendido melhor o significado do apelo de Jesus que muitos de nós quando não percebemos que é preciso largar as nossas redes para pegar naquela que Jesus nos estende para podermos colaborar com Ele
    "anunciando o amor que Deus nos consagra" Ir. Teresa,O.P.

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  3. Deus não desisitiu de congregar os Homens. E nós podemos? Inter pars

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